quinta-feira, 10 de abril de 2008

O Recôncavo que lê

Na era da informática, as bibliotecas ainda são procuradas como fonte de pesquisa e lazer.
Por: Carine Costa, Elsa Filgueiras, Lise Lobo
e Lorena Braga.

“Sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de biblioteca”. A frase do poeta Jorge Luís Borges nos dá a verdadeira dimensão da importância das bibliotecas na formação da memória de uma sociedade.
Embora elas existam desde a antigüidade, somente a partir do renascimento passam a ter um caráter mais democrático e tentam atingir um público maior. Atualmente são consideradas de consumo porque servem a todos os segmentos da sociedade.
Situadas no Recôncavo baiano, as cidades de Cachoeira, Muritiba e São Félix dispõem de bibliotecas públicas que buscam uma melhor qualidade dos serviços oferecidos e necessitam do apoio de instituições para o desenvolvimento contínuo de suas atividades.

Espaço de leitura


As bibliotecas públicas dos municípios dependem de uma lei municipal que as regulamentem e são mantidas com verbas do município ou de fundações, como a Fundação Pedro Calmon, que dá suporte a Biblioteca Pública Municipal Ernesto Simões Filho, em Cachoeira e a Biblioteca Pública Municipal Professora Leda Nadir Leal Coelho, em Muritiba; há também a Biblioteca Central que é conveniada com a Biblioteca Pública Municipal Doutor Waldemiro Augusto Deiró Lefundes, em São Félix.
Os prédios onde estão instaladas as bibliotecas são prédios antigos que mantiveram as linhas arquitetônicas mesmo após as reformas feitas. A biblioteca de São Félix, fundada em 1946, foi reformada em 2003 cedendo seu espaço para o Arquivo Público e passando a funcionar em um antigo prédio escolar. Em Cachoeira, a biblioteca foi transferida de um prédio onde apenas ela funcionava e hoje divide espaço com a Secretaria Municipal de Educação. Já a de Muritiba funciona em um prédio próprio e é uma antiga reivindicação da população que nunca dispôs de uma biblioteca na cidade.


Internet x Livros


Inaugurada recentemente, a biblioteca de Muritiba é a única que conta com um laboratório de informática assim como terminais para consulta e pesquisa inclusive no setor infantil.
A existência dos computadores não exclui a utilização dos livros. Em Muritiba e São Félix, os alunos só são encaminhados à internet se após a consulta no setor de estudos e pesquisas for constatada a falta de exemplares sobre o assunto. Os funcionários da biblioteca de São Félix criaram um arquivo onde são encontradas as pesquisas feitas na internet para que outros estudantes tenham acesso a essas pesquisas, já que o único computador disponível é o do setor administrativo, na intenção que os estudantes leiam mais e não busquem apenas as facilidades e as respostas imediatas oferecidas pelo computador.
Segundo Raimundo Rocha, responsável pela biblioteca de Cachoeira, a internet não tem afetado o fluxo dos estudantes na biblioteca; o mesmo não acontece na biblioteca de São Félix, pois, segundo a responsável Angélica Magalhães, a internet rouba o interesse dos estudantes pelos livros.


Público leitor


As bibliotecas recebem em média 100 pessoas diariamente conforme consta nos livros de registro. O seu público é formado principalmente pelos estudantes do nível fundamental e médio das escolas públicas, embora os serviços sejam oferecidos a toda comunidade. A biblioteca de Cachoeira também é bastante freqüentada por idosos que vão à procura de jornais e revistas.
Em São Félix e Muritiba pode se fazer o cadastro no setor de empréstimo e levar o exemplar para casa, onde pode ficar até oito dias. Acesso à internet, atividades recreativas, videoteca e CDs também estão disponíveis aos usuários. Em Cachoeira o serviço de empréstimo foi suspenso por conta de uma atualização que será feita assim que o sistema de informática for implantado.
Todas as bibliotecas possuem um acervo superior a cinco mil títulos, a maioria deles em boas condições, exceto em Cachoeira onde muitos livros estão desatualizados e segundo o administrador Raimundo Rocha, apesar das instruções dadas, muitas pessoas ainda arrancam páginas e riscam os exemplares. Esse problema não ocorre na biblioteca de São Félix, pois segundo Angélica Magalhães há programas de conscientização para o cuidado com os livros além da fiscalização por parte dos funcionários.

Capacitação profissional


Apesar da importância dos serviços oferecidos, nenhuma das bibliotecas possui um profissional graduado na área de Biblioteconomia. Segundo Junilda Silva, administradora da biblioteca de Muritiba, os funcionários receberam um treinamento de dez dias oferecido pela Fundação Pedro Calmon, GESB (Gerência do Sistema de Bibliotecas Públicas) e DIBIP (Diretoria de Bibliotecas Públicas).
A biblioteca de Cachoeira espera pela chegada de profissionais da Faculdade de Biblioteconomia da UFBA para catalogação de livros, implantação de computadores, treinamento e capacitação dos funcionários.
Outro problema enfrentado é a carência de funcionários, segundo o depoimento de Angélica Magalhães, que evidencia a necessidade de pessoas para trabalhar na videoteca, e Junilda Silva. Apesar das dificuldades, o atendimento ao público é satisfatório, já que os funcionários se esforçam para superar as deficiências e orientar aqueles que buscam os serviços oferecidos.

Nenhum comentário: