CIDADE TURÍSTICA AOS OLHOS DE QUEM?
Contradições, discordâncias, críticas e elogios caracterizam
a receptividade dos turistas na Cidade Heróica
Por: Maurício Miranda,
Queila Oliveira e Vívian Aguiar.
Cachoeira recebe, em estimativa, 60.000 turistas por ano, chegando a 100.000 somado ao fluxo no período junino. O fator primordial para a atração de visitantes dá-se pelo fato da cidade possuir uma extensa diversidade cultural, refletida nos seus museus, igrejas e festas religiosas.
Entretanto, toda essa multiplicidade não é realmente aproveitável, pois parte desse patrimônio não recebe subsídios suficientes para manter exposto ao público o seu acervo. Um exemplo, são as igrejas que por falta de verba que garantam a segurança, não podem ser mantidas freqüentemente abertas, assegura o secretário de cultura e turismo, Antônio Moraes Ribeiro.
Essa opinião também é partilhada pelo administrador da Pousada D’Ajuda, Juracy Rocha: “A cidade não tem nenhum receptivo. O turista chega e todas as igrejas estão fechadas. Sexta-feira não tem um maculelê, um samba de roda, um candomblé. Não tem o que fazer de noite aqui.” Ele afirma ainda, que a cidade não recebe turistas, mas sim, passageiros, devido ao fato da maioria dos visitantes passarem apenas o dia, retornando à noite para outras cidades.
CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL
Nos anos de 2005 e 2006, a prefeitura disponibilizou um curso que garantia a camareiras, cozinheiras, garçons, entre outras profissões, uma melhor qualificação. Esse investimento não trouxe retorno significativo para a cidade devido à alta rotatividade de profissionais nas empresas, não permitindo o aproveitamento dessa capacitação.
Também no ano de 2006, foi oferecido um curso de guia de turismo e promotores culturais, ministrado pela Fundação Casa Paulo Dias Adorno, patrocinado pela UNESCO em parceria com o Programa MONUMENTA. Esse trabalho, apesar de ter obtido êxito através da formação de uma turma, não pôde ter continuidade devido à falhas internas de ordem administrativa e contábil.
É notável a falta de preparo do comércio ao atender os turistas – principalmente os que não falam português – deixando a desejar no tratamento que fica por conta de mímicas e na troca de algumas palavras. O que ameniza essa situação é o fato de a maioria dos turistas estrangeiros já virem acompanhados por guias.
VISÃO EXTRANGEIRA
Para o antropólogo francês Bertrand Bouvier, 25 anos, a maior dificuldade encontrada, foi ser aceito como um pesquisador. Ele afirma que ser visto como “gringo” não é uma posição confortável. “É muito difícil desfazer a imagem de turista.”
Existe uma visão estereotipada de que turistas sempre possuem um alto poder aquisitivo e visam freqüentar locais requintados. Em guias de turismo franceses, por exemplo – onde Cachoeira tem visibilidade – apenas são mostradas referências dos ambientes mais caros da cidade.
Um dos principais problemas acarretados por essa limitada oferta de possibilidades de hospedagem, alimentação e opções de entretenimento pré-elaboradas por roteiros ou guias, é a privação da liberdade de escolha por lugares que possuam serviços a um custo mais acessível e variedades de locais a serem visitados. “Nem todo turista que vem ao Recôncavo quer visitar o Dannemann, por exemplo, porque nem todo mundo se interessa por charutos”, afirma Bouvier.
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