quinta-feira, 10 de abril de 2008

Falta de atendimento prejudica portadores de anemia falciforme

Uma das cidades mais negras da Bahia ainda não possui tratamento para anemia falciforme


Lorena Souza, Palloma Braga, Daiane Arllin

A anemia falciforme é a doença genética de maior prevalência no Brasil e no mundo. Na região do recôncavo tem uma incidência muito grande por ter um contingente em sua maioria de afro-descendentes, fruto da colonização. A doença é causada pela deformação dos glóbulos vermelhos que tomam forma de foice, característica que deu origem ao nome.
Os sintomas mais freqüentes são dores fortes no corpo, aumento do lado direito do abdômen nos primeiros anos de vida, infecções constantes, palidez, cansaço fácil, icterícia, retardo do crescimento e ulceras. Segundo geneticista Rosivaldo Lima, o portador da anemia falciforme só alcança de 40 a 50 anos de vida, mesmo com todos os tratamentos.
Segundo pesquisas feitas em 2005 pelo Ministério da Saúde, quase 13 mil falcemicos estão cadastrados no Sistema Único de Saúde (SUS). Estima-se que 30 a 50 mil pessoas são portadoras da doença, em todo o país. De cada grupo de 35 pessoas, uma registra traço de anemia falciforme. Na Bahia há um falcemico para cada 500 nascidos vivos. No Rio de Janeiro o índice é de um para cada 1,2 mil recém nascidos.

EM CACHOEIRA - A falta de informação sobre a doença ainda é muito relevante em Cachoeira, o que prejudica no diagnostico e tratamento em uma das regiões mais negras da Bahia. A família interessada em diagnosticar, pode fazer o teste do pezinho em crianças recém nascidas ou na Faculdade Adventista da Bahia (IAENE) em Capoeruçu. Na cidade não há um centro de tratamento para os portadores, que depois de diagnosticados são encaminhados para Salvador.
Josélia, 25, residente em Cachoeira, descobriu que seus filhos gêmeos, Bárbara Gabrieli, e Cosme Gabriel tinham a doença, diagnosticada através do teste do pezinho. Após dois meses de espera seus filhos conseguiram ser tratados. Antes da primeira consulta, Cosme Gabriel sentia dores na barriga e foi levado ao hospital de Cachoeira, onde foi medicado e segundo a sua mãe, obteve melhora.
Por falta do leite apropriado Cosme veio a falecer com desnutrição grave. Os médicos disseram segundo Josélia, que se tivesse iniciado o tratamento logo, a criança poderia ser salva. “Eu nem acreditei que meu filho tinha morrido, ele não estava sentindo nada, não estava sentindo dores, eu só sei que brincando com ele, como normalmente fazia, o peguei no colo e senti que ele tinha parado”.

Nenhum comentário: