PATRIMÔNIO AGUARDA PELO RETORNO DAS OBRAS
Ponte Dom Pedro II, localizada entre Cachoeira e São Félix, espera pelo regresso da reforma enquanto sua estrutura está comprometida
Hamurabi Dias, Rosivaldo Mercês e Deyvson Oliveira
Como nos fala os versos do poeta cachoeirano Roque Sena: “São duas cidades/Todas duas lindas/Tem uma ponte que separa/Mais bonita ainda”. Apesar da sua importância histórica, a Imperial Ponte Dom Pedro II, única via rodo-ferroviária entre as cidades de Cachoeira e São Félix, localizada no Recôncavo baiano, encontra-se envolvida em uma série de discussões sobre a paralisação nas obras de restauração.
A empresa FCA (Ferrovia Centro Atlântica S.A.), com sede em Minas Gerais, dona da concessão dos trilhos ferroviários que passam pelos municípios de Cachoeira e São Félix desde o ano de 1997, é responsável também pelos reparos na ponte que interliga as duas cidades. Porém, a obra está parada. Segundo o técnico do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em Cachoeira, Aníbal Garrido, não houve, por parte do órgão, um embargo à reforma. Segundo ele, a empresa tem que respeitar um prazo de 30 meses, ou seja, até o final de 2009 para finalizar a obra, pois o projeto apresentado pela FCA foi aprovado por esse instituto.
Outra questão abordada é que a FCA estava realizando uma troca dos dormentes (lastros) de madeira por placas metálicas. Segundo Garrido, seria para prováveis testes de resistência do material usado. Pelo que foi investigado, essas placas metálicas ainda estão no trecho da ponte em que foram colocadas pela FCA durante sua obra ainda inacabada. Uma reportagem feita pelo jornal A Tarde, em abril de 2004, mostrou um relatório do corpo técnico da FCA, que alertava sobre o grande fluxo de automóveis de alta tonelagem sobre a ponte. Constava no relatório que o trânsito constante de carretas de 20 a 25 toneladas poderia acarretar na ruptura da estrutura. A ponte está em uma situação que inspira cuidados, é notável que em seu percurso existam deficiências que causam, muitas vezes, acidentes como dormentes já soltos e apodrecidos que formam buracos que dificultam a passagem de pedestres e o tráfego de carros. Segundo a assessoria de imprensa da empresa mineira existe um projeto de restauração e reforço estrutural no local. No ano de 2007, começou a ser executada a primeira etapa da referida obra, com a instalação das placas metálicas. A assessoria ainda informa que a FCA, está concluindo o processo de contratação de uma nova empresa para finalizar a próxima etapa da obra.
OPINIÃO PÚBLICA – A população ainda desconhece os reais motivos da possível suspensão das obras. Muitos concordam que seria viável uma reforma na ponte, pois já presenciaram alguns acidentes envolvendo pedestres e motoristas no local. “A reforma está boa, mas agora parou tudo aí, porque o patrimônio não quer deixar”, acredita o ambulante Luis Alberto de Jesus, 58, que trabalha nas proximidades da ponte há dois anos. Ele ainda disse que já viu muitos carros furando pneus e quedas de motos na ponte.
Mariluce Dayube, 54, já se envolveu em um acidente com seu carro na ponte. “Fiquei com trauma, até hoje não dirijo”, disse. Marcos Antonio da Silva, 65, é a favor da troca das madeiras pelas placas de metal. “A melhor reforma que teve foi aquela placa de ferro”, opina.
O guarda municipal da cidade da Cachoeira, Roberto Carlos, que trabalha no controle do tráfego na ponte há seis anos, informou que pela atual condição, a ponte merece uma reforma. “Já vi muitos carros batendo, a tábua levanta, buracos que ficam no meio da ponte. Começaram a colocar as chapas de ferro, mas pararam não sei o porquê”. Segundo ele, a paralisação da obra pode ter ocorrido por que existiam empresas interessadas em fazer a reforma e estava havendo um processo de licitação.
DESCARACTERIZAÇÃO – A Imperial Ponte Dom Pedro II, tombada em 1971 como parte do conjunto arquitetônico de Cachoeira, foi moldada na Inglaterra e inaugurada no Brasil em 1885, época do II Reinado. A razão de ser desse patrimônio é que, na época, não existia nenhuma ligação entre as cidades de Cachoeira e São Félix e, como já havia trilhos na cidade, foi necessário construir uma ponte para dar continuidade à ferrovia. Ela possui o comprimento total de 365 metros e largura de aproximadamente 9 metros. As vigas, que hoje encontram-se enferrujadas são fabricadas em treliças de banzos paralelos, com múltiplas diagonais em dois sentidos.
O técnico do IPHAN, Aníbal Garrido, diz que há uma preocupação de muitos com a descaracterização da ponte com a troca dos dormentes de madeira. Para ele, isso não afetaria o aspecto visual do patrimônio. Ele lembra que já existiram muitas substituições de dormentes, ou seja, o aspecto original da ponte já foi descaracterizado, ainda que indiretamente. Para os cachoeiranos e sanfelistas que utilizam essa passagem que atravessa o rio Paraguaçu em seu dia-a-dia, a recuperação, de uma forma ou de outra no local, é urgente. “O critério como deve se fazer a reforma eu não posso opinar porque eu não entendo, mas deveria ter mais segurança para os pedestres e motoristas”, diz a comerciante Mariluce Dayube.
Símbolo da importância econômica do Recôncavo no século XIX, a ponte Dom Pedro II, com seus 123 anos, continua sendo de importância fundamental para as cidades do Recôncavo, servindo como via de escoamento para os diversos produtos que ocupam os vagões de carga da FCA, e de via alternativa para as pessoas que precisam atravessá-la rumo ao seu trabalho ou suas casas.
Ponte Dom Pedro II, localizada entre Cachoeira e São Félix, espera pelo regresso da reforma enquanto sua estrutura está comprometida
Hamurabi Dias, Rosivaldo Mercês e Deyvson Oliveira
Como nos fala os versos do poeta cachoeirano Roque Sena: “São duas cidades/Todas duas lindas/Tem uma ponte que separa/Mais bonita ainda”. Apesar da sua importância histórica, a Imperial Ponte Dom Pedro II, única via rodo-ferroviária entre as cidades de Cachoeira e São Félix, localizada no Recôncavo baiano, encontra-se envolvida em uma série de discussões sobre a paralisação nas obras de restauração.
A empresa FCA (Ferrovia Centro Atlântica S.A.), com sede em Minas Gerais, dona da concessão dos trilhos ferroviários que passam pelos municípios de Cachoeira e São Félix desde o ano de 1997, é responsável também pelos reparos na ponte que interliga as duas cidades. Porém, a obra está parada. Segundo o técnico do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em Cachoeira, Aníbal Garrido, não houve, por parte do órgão, um embargo à reforma. Segundo ele, a empresa tem que respeitar um prazo de 30 meses, ou seja, até o final de 2009 para finalizar a obra, pois o projeto apresentado pela FCA foi aprovado por esse instituto.
Outra questão abordada é que a FCA estava realizando uma troca dos dormentes (lastros) de madeira por placas metálicas. Segundo Garrido, seria para prováveis testes de resistência do material usado. Pelo que foi investigado, essas placas metálicas ainda estão no trecho da ponte em que foram colocadas pela FCA durante sua obra ainda inacabada. Uma reportagem feita pelo jornal A Tarde, em abril de 2004, mostrou um relatório do corpo técnico da FCA, que alertava sobre o grande fluxo de automóveis de alta tonelagem sobre a ponte. Constava no relatório que o trânsito constante de carretas de 20 a 25 toneladas poderia acarretar na ruptura da estrutura. A ponte está em uma situação que inspira cuidados, é notável que em seu percurso existam deficiências que causam, muitas vezes, acidentes como dormentes já soltos e apodrecidos que formam buracos que dificultam a passagem de pedestres e o tráfego de carros. Segundo a assessoria de imprensa da empresa mineira existe um projeto de restauração e reforço estrutural no local. No ano de 2007, começou a ser executada a primeira etapa da referida obra, com a instalação das placas metálicas. A assessoria ainda informa que a FCA, está concluindo o processo de contratação de uma nova empresa para finalizar a próxima etapa da obra.
OPINIÃO PÚBLICA – A população ainda desconhece os reais motivos da possível suspensão das obras. Muitos concordam que seria viável uma reforma na ponte, pois já presenciaram alguns acidentes envolvendo pedestres e motoristas no local. “A reforma está boa, mas agora parou tudo aí, porque o patrimônio não quer deixar”, acredita o ambulante Luis Alberto de Jesus, 58, que trabalha nas proximidades da ponte há dois anos. Ele ainda disse que já viu muitos carros furando pneus e quedas de motos na ponte.
Mariluce Dayube, 54, já se envolveu em um acidente com seu carro na ponte. “Fiquei com trauma, até hoje não dirijo”, disse. Marcos Antonio da Silva, 65, é a favor da troca das madeiras pelas placas de metal. “A melhor reforma que teve foi aquela placa de ferro”, opina.
O guarda municipal da cidade da Cachoeira, Roberto Carlos, que trabalha no controle do tráfego na ponte há seis anos, informou que pela atual condição, a ponte merece uma reforma. “Já vi muitos carros batendo, a tábua levanta, buracos que ficam no meio da ponte. Começaram a colocar as chapas de ferro, mas pararam não sei o porquê”. Segundo ele, a paralisação da obra pode ter ocorrido por que existiam empresas interessadas em fazer a reforma e estava havendo um processo de licitação.
DESCARACTERIZAÇÃO – A Imperial Ponte Dom Pedro II, tombada em 1971 como parte do conjunto arquitetônico de Cachoeira, foi moldada na Inglaterra e inaugurada no Brasil em 1885, época do II Reinado. A razão de ser desse patrimônio é que, na época, não existia nenhuma ligação entre as cidades de Cachoeira e São Félix e, como já havia trilhos na cidade, foi necessário construir uma ponte para dar continuidade à ferrovia. Ela possui o comprimento total de 365 metros e largura de aproximadamente 9 metros. As vigas, que hoje encontram-se enferrujadas são fabricadas em treliças de banzos paralelos, com múltiplas diagonais em dois sentidos.
O técnico do IPHAN, Aníbal Garrido, diz que há uma preocupação de muitos com a descaracterização da ponte com a troca dos dormentes de madeira. Para ele, isso não afetaria o aspecto visual do patrimônio. Ele lembra que já existiram muitas substituições de dormentes, ou seja, o aspecto original da ponte já foi descaracterizado, ainda que indiretamente. Para os cachoeiranos e sanfelistas que utilizam essa passagem que atravessa o rio Paraguaçu em seu dia-a-dia, a recuperação, de uma forma ou de outra no local, é urgente. “O critério como deve se fazer a reforma eu não posso opinar porque eu não entendo, mas deveria ter mais segurança para os pedestres e motoristas”, diz a comerciante Mariluce Dayube.
Símbolo da importância econômica do Recôncavo no século XIX, a ponte Dom Pedro II, com seus 123 anos, continua sendo de importância fundamental para as cidades do Recôncavo, servindo como via de escoamento para os diversos produtos que ocupam os vagões de carga da FCA, e de via alternativa para as pessoas que precisam atravessá-la rumo ao seu trabalho ou suas casas.
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