quinta-feira, 10 de abril de 2008

TRÂNSITO DESORGANIZADO DIFICULTA O TRÁFEGO EM CACHOEIRA
Ruas estreitas, ausência de placas e guardas de trânsito, deixam alguns trechos da cidade tumultuados
Por Camila Moreira, Daiane Dória e Danielle Souza.

Quem freqüenta a cidade de Cachoeira apenas em feriados e fins de semana, não imagina que uma cidade tranqüila, um patrimônio histórico, apresente um problema típico dos grandes centros, a desorganização no trânsito. Habitada por cerca de 35 mil pessoas, a cidade possui um tráfego intenso em determinados trechos, principalmente no horário de meio-dia, como é o caso das ruas Prisco Paraíso, Lauro de Freitas e Treze de Março. Apesar disso, fica comprovado, tanto no hospital como na delegacia, os baixos índices de ocorrências ocasionadas por acidentes no trânsito, o que gera certo comodismo do órgão responsável, o Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito).
Um trânsito desordenado exige habilidades que vão além do simples transitar. Os pedestres estão constantemente disputando espaço com bicicletas, motos e carros. Algumas ruas estreitas ficam congestionadas durante a semana. O problema é agravado nos dias chamados “dias de feira” que são as “quartas e sextas”. Isto acontece porque a feira livre de Cachoeira instalada na Rua Prisco Paraíso, tem as barracas muito próximas do espaço destinado ao trânsito, além disso, nesta mesma rua também funciona o comércio, ou seja, é no maior ponto de movimentação que está o menor espaço para o tráfego.
O Secretário de Transportes, Roberto Pereira Barreto, confirma a existência de um tumulto no trânsito. Mas, segundo o mesmo, a responsabilidade é do Ciretran, então não pode haver interferências da secretaria neste trabalho. O papel que cabe à prefeitura é o de disponibilizar guardas municipais para organizar o tráfego, no entanto, isto não ocorre porque seriam necessários concursos públicos para contratar pessoas para o cargo, o que ainda não aconteceu. “A Polícia Militar deveria dispor homens para este serviço nas ruas, mas nas condições precárias em que se encontra, viaturas quebradas,
poucos homens, fica impossível fazer o trabalho”, fala Roberto Barreto.
Ciretran - Sérgio Cavalcante, coordenador do Ciretran, afirma que existe sim uma desorganização, mas o principal problema visto por ele, é a falta de educação no trânsito. Relata também, que o transtorno faz parte da cultura cachoeirana. Para ele é preciso, antes de tudo, a existência de uma conscientização dos próprios cidadãos. Atesta a necessidade da presença de placas de trânsito, faixas de pedestres e guardas de municipais, durante toda semana, e não só nos dias em que a feira livre esta em funcionamento, como acontece atualmente. No entanto, estes guardas não são destinados a fiscalizar o trânsito e sim, para organizar a feira, pois são de responsabilidade da Secretaria de Indústria e Comércio. O fato de Cachoeira ser patrimônio histórico impede a implantação de algumas medidas de segurança, como é o caso das faixas de pedestres, que são postas somente em asfalto, e semáforos, pois nos dois casos o caráter histórico preservado se perde.
Uma questão citada pelo coordenador, é a idéia de municipalizar o trânsito, assim a prefeitura seria responsável pelo planejamento, projeto, operação, fiscalização e educação. As responsabilidades passariam a ser do município, facilitando assim a resolução desses vários problemas. Sérgio Cavalcante menciona a possibilidade de implantação da chamada Escola Pública de Trânsito ou Ipetran. Além de proporcionar carteiras de motorista para os que não podem pagar pelo serviço particular, o Ipetran ofereceria palestras e cursos para os condutores saírem conscientes de respeitar as leis e normas do trânsito, mesmo na ausência de fiscalização.
Pedestres – Inconformados com a situação atual, os pedestres reclamam seus direitos, e dizem que em alguns momentos fica impossível transitar na cidade. O motorista de táxi Sérgio Lima afirma que a Prefeitura Municipal e o Ciretran não fazem nada pelo trânsito, e que a ausência do guarda municipal contribui na desorganização. “O Ciretran não funciona na cidade, tem que haver o conjunto, PM, Ciretran, todo mundo, e o guarda tem que vir a semana inteira”, diz Sérgio.
Apesar de haver, entre os pedestres, um consenso sobre a existência de um trânsito desordenado, algumas opiniões são divergentes em relação ao responsável por este problema, como é o caso do senhor Cícero Santos. Segundo ele a prefeitura de Cachoeira faz o seu papel, mas não existe consciência dos próprios cidadãos que desrespeitam uns aos outros, ou seja, para ele a responsabilidade pela desordem é dos moradores e visitantes da cidade.
De fato, as poucas placas de sinalização existentes na cidade são desrespeitadas principalmente pelos motoristas que estacionam em locais impróprios, não respeitando o espaço dos pedestres.
Um outro pedestre e morador da cidade vai mais além, ele critica o sistema de trânsito e pede com urgência que ele seja municipalizado. “O primeiro passo deveria ser a municipalização do trânsito, pôr mais placas. Seria melhor para a população, e até para os próprios turistas” afirma Leonardo Leite.

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