terça-feira, 20 de maio de 2008

Recicla Recôncavo

“Reciclar é educar ambientalmente para que as pessoas vivam mais”, Badinho.

Lise Lobo, Lorena Souza, Lorena Braga, Elsa Filgueiras e Carine Costa

O retorno da matéria-prima ao ciclo de produção é denominado reciclagem, embora o termo já venha sendo utilizado popularmente para designar o conjunto de operações envolvidas. O vocábulo surgiu na década de 1970, quando as preocupações ambientais passaram a ser tratadas com maior rigor, especialmente após o primeiro choque do petróleo, quando reciclar ganhou importância estratégica. As indústrias recicladoras são também chamadas secundárias, por processarem matéria-prima de recuperação. Na maior parte dos processos, o produto reciclado é completamente diferente do produto inicial. “Não se faz reciclagem em Cachoeira”, afirma Carlos Osvaldo Ferreira, mais conhecido como Badinho. A deficiência encontrada na coleta e tratamento do lixo das cidades de Cachoeira e São Félix levanta a questão do porquê da falta de investimentos nesse setor.Segundo José Cláudio, assistente do secretário de obras de Cachoeira, Antônio Cláudio Reis Andrade, já existiram lixeiras de coleta seletiva, porém alega que a população destruía os compartimentos ou não separava corretamente o lixo. Ele afirma, ainda, que a prefeitura pretende recolocar as lixeiras, mas que é necessário um projeto que eduque as pessoas a manejarem o lixo de forma correta. A coleta é realizada pela manhã e no final da tarde, e o lixo é despejado posteriormente no aterro Recôncavo Sul, entre Mangabeira e Muritiba. Com a preocupação do destino desse lixo, algumas pessoas vêm desenvolvendo, de forma independente ou não, projetos de reciclagem. Badinho é um dos idealizadores desses projetos. A ONG Fundação Verde Arte – Aprendendo a viver com a natureza, sediada na cidade da Cachoeira e fundada por ele em 2001, em parceria com a Associação do Alto do Cucuí de Brito, bairro do mesmo município, desenvolveu um trabalho com crianças e adolescentes voltado para aproveitamento de material reciclável. Através da reciclagem, a ONG, além da conscientização e do cuidado com o meio ambiente, promoveu o distanciamento dos jovens da marginalidade. Porém, por falta de incentivo dos órgãos públicos e da própria comunidade, suas atividades foram suspensas. A Secretaria de Educação de São Félix realizou em 2007 o Projeto Arte/Educação, desenvolvido por Carina Silva Falcão, articuladora pedagógica, com o monitoramento da artista plástica e diretora do Departamento de Cultura Ana Maria Fraga, onde todas as turmas das escolas municipais da educação infantil à 8ª série participaram produzindo objetos com materiais recicláveis, doados pela comunidade e trazidos pelos próprios alunos. “A escolha da utilização de materiais recicláveis surgiu para mostrar aos alunos os benefícios que essa atitude traz para o meio ambiente, além do custo zero”, diz Carina. Todos os trabalhos foram expostos na Praça José Ramos e na Casa da Cultura, tendo pouco público, o que comprova o desinteresse da população diante de uma iniciativa importante. Em outubro de 2008, o projeto terá continuidade com a Bienal Infantil, ainda sem data definida. Os alunos trabalharão com a Arte Contemporânea, produzindo obras inspiradas nos autores deste movimento, utilizando materiais recicláveis. “Vão aprender a dar importância ao que muitos não acham importante, o lixo” afirma Ana Maria. Com a evidente necessidade de um projeto para tratar o lixo de forma coerente, foi criada por Nilton Stein e desenvolvida por Badinho a Recicôncavo, que seria uma usina de tratamento de lixo do Recôncavo, implantada em Cachoeira. Preservação do Meio Ambiente a partir de coleta, separação e reaproveitamento de material seria o principal foco, além de gerar empregos e movimentar o comércio local. Segundo Badinho, o projeto foi arquivado devido a conflitos internos entre os membros do projeto e a falta de incentivo da prefeitura.

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