sexta-feira, 2 de maio de 2008

Pauta jornalística: Avana Cavalcante e Lucyana Fernandes

Retranca: Explosão de fogos/Santo Antônio de Jesus

O município de Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo Baiano, é conhecido pela produção ilegal de fogos de artifício. A região possui uma grande demanda por fogos, principalmente durante o mês de junho para celebração de festas populares como São João e Santo Antonio.
A fabricação de explosivos é feita, em sua maioria, de forma clandestina: em fábricas sem autorização para funcionamento, em fundos de quintais ou até mesmo nas residências dos trabalhadores.
No dia 11 de dezembro de 1998, aconteceu a explosão na fábrica de fogos de artifício que matou 64 pessoas – a maioria mulheres e crianças, sendo muitos mortos membros da mesma família – e teve apenas cinco sobreviventes com gravíssimas lesões. A fábrica de fogos pertencia ao empresário Osvaldo Prazeres Bastos, conhecido como “Vardo dos Fogos”, que armazenava material explosivo ilegalmente e produzia fogos de artifício sem quaisquer condições de segurança para as pessoas que trabalhavam com o fabrico.
Após o ocorrido, foi elaborado o Projeto Fênix, que teve o intuito de orientar os produtores a cursos profissionalizantes e treinamentos para total segurança na fabricação de fogos. Porém, após 10 anos, apenas 5% do projeto está em vigor, acontecendo ainda à clandestinidade.
Hoje, existe a continuidade da fabricação clandestina de fogos de artifício em condições de alto risco. Mulheres, jovens e crianças continuam fabricando fogos de artifício em suas residências, sem qualquer tipo de proteção e submetidos a sérios riscos de novas explosões. Também ficam expostos a doenças causadas pelo uso irregular da matéria-prima utilizada na produção dos fogos.
O julgamento que seria no dia 27 de Junho de 2007, foi prorrogado por data indefinida.

Através destas informações, o propósito desta reportagem é fazer um apanhado histórico do que ocorreu desde o 11 de dezembro de 1998, até hoje. Como pauta principal entrevistar as pessoas que continuam trabalhando na clandestinidade, mesmo depois de perderem parentes e amigos. A maioria dos que trabalham com a fabricação de explosivos são moradores do carente bairro Irmã Dulce, localizado próximo a saída da cidade. Mesmo sabendo dos problemas, dizem que um dos motivos pelos quais não deixam de produzir, é a dificuldade que alegam ter por causa da imagem marginalizada que tem o bairro, também conhecido como Mutum. “Conheço os riscos, mas não temos outro emprego”, argumentou Edna, que faz traques de bater em casa. Outro ponto será a conversa com a presidente da Associação do 11 de dezembro, Maria Madalena Santos Rocha – onde foi uma das vítimas, tendo suas duas únicas filhas mortas na explosão dos fogos - e os membros – pessoas que perderam amigos e familiares, ligadas diretamente a explosão - que lutam por justiça. Será explanado em conversa o que acham do adiamento sem data definida, do julgamento do réu Osvaldo Prazeres Bastos. A análise da ineficácia do Projeto Fênix (parceria de vários órgãos municipais e governo do Estado) que não está em pleno vigor, será outro cerne da questão.

Para entender o porquê destas pessoas continuarem neste trabalho, acontecerá uma série de entrevistas também com órgãos da cidade - como a Prefeitura Municipal de Santo Antônio de Jesus – que até hoje não criou uma secretaria para cuidar desse assunto - e a VI Delegacia do Serviço Militar do Exército – onde será questionando o que foi e está sendo feito com a intensificação da fabricação de fogos próximos ao São João e quais as medidas que estes organismos sociais estão fazendo para acabar com a clandestinidade.

2 comentários:

Leandro Colling disse...

a pauta é boa, mas ainda não está bem apurada. pauta apurada é aquela que informa quais serão "as pessoas" que serão ouvidas, onde o repórter poderá localizá-las, e o que elas poderão dizer.

Leandro Colling disse...

melhorou, ok. o texto é que poderia ser melhor, né?