APAE oferece tratamento a portadores de deficiência
Deficientes encontram dificuldades na busca de profissionais especializados em Cachoeira
Camila Moreira, Daiane Dória e Danielle Souza
A cidade de Cachoeira não oferece condições para que os portadores de deficiências sejam inseridos no mercado de trabalho. Segundo Zulene Damiana, diretora da “Escola da Apae” (Associação de Pais e Amigos de Excepcionais), as escolas regulares, geralmente procuradas pelos pais, não são a melhor opção já que não possuem profissionais especializados para proporcionar o tratamento adequado a um deficiente.
Atualmente, na cidade, o mais completo tratamento disponível é o da Apae, uma organização não-governamental que visa defender os direitos, oferecer educação gratuita e de qualidade, além de acompanhamento médico aos portadores de deficiências. A associação possui convênios com o poder público municipal, estadual e federal. A Escola Monsenhor Amílcar Marques, mais conhecida como “Escola da Apae”, oferece aos portadores de deficiências uma educação especializada. Hoje, 53 alunos estão matriculados. Além do ensino gratuito, são oferecidas oficinas de artes, artesanato, capoeira, educação física e realizados atendimentos psicológicos e fisioterápicos.
Diretora da escola há 11 anos, Zulene diz que, para se cadastrar na Apae, são necessários relatórios médicos que comprovem a deficiência. Os exames podem ser feitos na própria associação. Os cadastrados, depois de efetuarem a matrícula, passam a freqüentar a escola. Não há limite de idade. Hoje, por exemplo, o aluno mais velho da escola tem 54 anos.
Através dos vínculos da Apae com a prefeitura de Cachoeira, alguns professores que lecionam na escola são cedidos pela Secretaria Municipal de Educação. A capacitação desses professores geralmente é feita pela própria Apae, que disponibiliza cursos profissionalizantes e possibilita um melhor contato com os portadores de deficiências.
Apesar de dirigir uma escola direcionada apenas para portadores de deficiência, Zulene acredita na importância da inclusão. Porém, reconhece que, devido ao preconceito e a falta de capacitação dos profissionais, está cada vez mais difícil conseguir efetivar essa inclusão. Apesar das oficinas oferecidas pela Escola, no momento, não há nenhum aluno qualificado para ingressar no mercado.
DEFICIENTE AUDITIVA - Cariane Moreira tem 25 anos e é uma das alunas da “Escola da Apae”. A deficiência auditiva foi descoberta quando ela tinha apenas um ano e oito meses. Sua mãe, Teca Nery, de 64 anos, conta que já passou por grandes dificuldades com a filha, pois o tratamento para portadores de deficiências é precário em Cachoeira. Cariane já estudou em escolas regulares mas, assim que a “Escola da Apae” foi fundada, ela passou a freqüentá-la, ainda que não regularmente.
Teca Nery relata que sua filha leva uma vida normal, é casada e só não está no mercado de trabalho porque as empresas não apresentam as condições básicas necessárias para contratar um portador de deficiência. “Minha filha só vai trabalhar aqui em Cachoeira quando alguém, além de mim, puder assegurar a sua integridade física”, diz Teca Nery.
Criar Cariane Moreira sempre foi um desafio para Dona Teca. “Para mim, o mais difícil era saber que ela, ainda muito nova, não poderia brincar com as outras crianças. Eu tinha que estar sempre de olho”, lembra. Questionada sobre possíveis discriminações que a filha possa ter sofrido, ela diz que isso nunca aconteceu. “As pessoas só ficam atônitas quando a vêem conversando com algumas amigas (também deficientes auditivas) na linguagem dos sinais. Parecem não compreender como é possível o entendimento. Eu sempre digo: elas sabem bem do que estão falando”, acrescenta Dona Teca, entre risos.
terça-feira, 1 de julho de 2008
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