Cefet: formação profissional em risco
Perto de completar dois anos, unidade de ensino convive ainda com velhos problemas
Anderson Silva, Carlindo Pinto e Toniel Costa
O Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia (Cefet-ba) de Santo Amaro, mesmo tendo resolvido alguns problemas, ainda deixa muito a desejar daquilo que os alunos esperam da instituição. Os estudantes reclamam do acervo da biblioteca, da ausência de determinados laboratórios e da falta de manutenção dos de informática. “Comparado ao que estava, está muito bom. Comparando ao que deveria estar, ainda está muito ruim”, diz o vice-presidente do Grêmio Estudantil, Aurélio José de Souza Junior.
O Cefet foi inaugurado no dia 25 de setembro de 2006, com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Foram prometidos equipamentos de última geração, piscina semi-olímpica, quadra de esportes e um auditório. A diretora Marlene Santos Socorro afirma que existe um projeto pronto, incluindo a quadra e o auditório. “O problema é a irregularidade do terreno. Seria possível construir, mas o custo é alto”. Hoje, p Cefet possui aproximadamente 700 alunos matriculados em duas modalidades: a Integrada ao ensino médio e a Subseqüente, nas quais são oferecidos os cursos de Eletromecânica e Tecnologia da Informação (T.I).
O acervo da biblioteca possui mais de 1.900 obras. Porém, alunos reclamam da ausência de livros que são indicados pelos professores na sala de aula. O processo de licitação é demorado, o que tem prejudicado os alunos. “Quando precisamos de livros, não achamos e fazemos pesquisas na internet. Alguns não têm acesso à rede fora do Cefet”, diz Eliomar Santana, aluno do 3º semestre de T.I. O professor e coordenador do curso de Eletromecânica, Lindolfo Marra, esclarece que faz a própria apostila com os assuntos prioritários.
LABORATÓRIOS - O centro de educação possui laboratórios de informática, elétrica e eletrônica digital e de mecânica, com dez tornos. Além disso, possui materiais de metrologia (conhecimento dos pesos e medidas e dos sistemas de unidades). Segundo Marlene, a unidade já possui todos os materiais de mecânica. “O único laboratório que vamos buscar trazer no segundo semestre é o de pneumática”.
O curso de T.I enfrenta problemas diferentes. O que incomoda os alunos é a falta de manutenção e a demora na instalação de programas que são necessários para os estudantes. “Isto é um problema de infra-estrutura e implantação. Em relação a essas dúvidas sobre os programas que são instalados, você precisa organizar os setores e também ter a colaboração e um planejamento prévio”, comenta Marlene. Devido a problemas de segurança, os alunos só podem utilizar o laboratório de informática com autorização do professor ou funcionário. A coordenação não libera. Um novo técnico de laboratório foi solicitado para que o espaço permaneça aberto por mais tempo. De acordo com Marlene, nenhum aluno está sendo barrado ou deixa de fazer qualquer trabalho. “Os computadores são para os alunos e não para ficarem trancados numa sala de aula”, diz ela.
O novo prédio que está sendo construído no Cefet abrigará oito salas de aula e quatro laboratórios. Nesse espaço, possivelmente, funcionarão os laboratórios de medidas elétricas, eletrotécnica e metrologia. No antigo prédio, algumas salas de aula continuarão em funcionamento. Inclusive, um laboratório de ciências para as disciplinas de Física, Biologia e Química. Além desse prédio, existe a possibilidade da criação de cursos de nível superior no Cefet. “O governo federal tem orientado que as unidades criem cursos de licenciatura, devido a grande carência na área de Matemática, Química, Biologia e Geografia’’, diz a diretora.
EVASÃO ESCOLAR - O número de alunos que tem desistido dos estudos tem sido muito grande, principalmente, na modalidade Subseqüente. Dentre os motivos, está o despreparo dos estudantes, que entram na unidade sem uma noção básica, por exemplo, de Matemática, exigida nos dois cursos oferecidos. Por causa disso, foi implantado o Projeto de Assistência ao Estudante (PAE), que possui monitores de Matemática que tentam minimizar o problema. “A culpa não é dos alunos. O aluno passava o ano inteiro na escola e no final do ano fazia um trabalho e era aprovado”, diz Marra. A crença de que sairão do Cefet profissionais despreparados para atuar no mercado de trabalho e o descompromisso com os estudos são outros motivos que contribuem para a evasão. “A gente faz de tudo para que o aluno não saia da escola. Pelo menos na escola ele está fazendo alguma coisa. E fora dela?”, questiona o coordenador de Eletromecânica.
“Está difícil mesmo. Você tomando um outro curso fica melhor pra arrumar emprego”, lamenta Leandro. Apesar da existência de todos os problemas, Marlene garante: “Eles não sairão daqui sem a formação necessária para o mercado de trabalho. Isso é um compromisso do Cefet”.
terça-feira, 1 de julho de 2008
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